Página:A Morte da Águia (1910).pdf/23

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Quem ouvisse pulsar-lhe o coração,
Soubesse que sublime comoção
Perturba o seio da calada esfinje... ?!

Eu quando poiso o pé sobre a Montanha
E avisto o Céu e o Mar de erguida penha,
De súbito estremeço,
Fico mudo de espanto, empalideço
E logo grito, canto, choro e rio,
Tremo como se um vento me abalasse,
Ou a Montanha á volta me enviasse
O seu calafriante desvario.

Ás vezes no caótico tumulto
Dos acidentes da Montanha
Algum arranca o vulto,
Projeta a sombra extranha
Na fauce do Infinito. Em torno a noite escura;
Só o relampago fulgura
No torvo Céu, onde não brilham astros;
E um navio — fantasma, a todo o pano,
Varrido pelo vento e pelo Oceano,
Por velas nuvens, píncaros por mastros,
Corre pelo Mar-fóra, halucinado,