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«Âi o palheiro das servas,
Se o feitor lhe tira as chaves!
Elas chegam ás catervas,
Quando acasalam as aves
E se fecundam as hervas!»

E não só em Portugal, mas em todos os países do mundo, é considerável o número de mulheres que trabalham na agricultura. Simplesmente entre os povos de primitivismo bárbaro ela é a escrava, a serva imbecilizada, que trabalha sem nobreza nem autonomia para o senhor, que a trocou por algumas cabeças de gado.

Um pouco mais acima, na escala da civilização, é ainda a serva adstrita á gleba miserável que revolve com os seus braços e rega com o suor do seu rosto para os senhores que lhe desconhecem a alma e lhe desprezam o labor.

Só mais tarde, quando os povos atingem a maior consciência e a mais alta cultura, a mulher retoma, mas então voluntariamente, o trabalho da terra, que é a sua fôrça, mas como elemento consciente e fomentador da maior riqueza.

Eis o período que julgamos o nosso país ter atingido e por isso indicamos á mulher o largo e belo caminho que diante dela se rasga nos domínios da agricultura e do seu indispensável complemento — a pecuária.

Mal se podem separar, num trabalho agrícola consciente, os dois estudos que formam um todo homogéneo — a agricultura e a pecuária. Uma não pode viver sem a outra; se um campo é largo e