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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

pensando: — «Que desavergonhadas! Chegou o André, veem logo cocar!» E já se lavára, mudára o fato cinzento, — quando o Barrôlo appareceu, esbaforido, desusadamente radiante, de sobrecasaca, de chapeu alto, com as bochechas accesas, alvoroçadamente radiantes:

— Eh, seu Barrôlo, que janota!

— Parece bruxedo! gritou o Barrôlo, depois d’um abraço, que repetiu, com desacostumado fervor. Estava agora mesmo para te mandar um telegramma, que viesses...

— Para quê?

O Barrôlo gaguejou, com um riso reprimido que o illuminava, o inchava:

— Para quê? P’ra nada... Quero dizer, para a Eleição! Pois a Eleição é além d’ámanhã, menino! O Cavalleiro chegou hontem. Agora volto eu do Governo Civil. Estive no Paço com o Snr. Bispo, depois passei pelo Governo Civil... Optimo, o André! Aparou o bigode, parece mais moço. E traz novidades... Traz grandes novidades!

E o Barrôlo esfregava as mãos, n’um tão faiscante alvoroço, com tanto riso escapando dos olhos e da face relusente, que o Fidalgo o encarou curioso, impressionado:

— Ouve lá, Barrolinho! Tu tens alguma cousa boa para me annunciar?