Página:A pata da Gazela.djvu/186

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— Eu? exclamou Amélia enrubescendo. Pobre de mim!

— Lembra-se do que me prometeu ontem à noite?

Uma nuvem de tristeza cobriu o lindo semblante da moça; com a fronte pendida e os olhos baixos, parecia contraída por uma dor íntima.

— Amélia!

— Ontem... não tive animo de contrariá-lo. Fiz mal; desculpe-me.

— Então sua promessa? disse o moço com ironia.

Amélia voltou o rosto como para esconder uma lágrima.

— Acredite. O que me pede... não posso... não tenho forças para fazer. Se o senhor soubesse!... E entretanto deve saber, porque... Eu lhe suplico, não falemos disso agora; depois eu lhe direi. Prometo-lhe.

— Não se dê a este trabalho. Já sei quanto basta: zombou de mim.

Horácio levantou-se visivelmente despeitado, e volveu os passos pela sala. Amélia continuou a bordar talvez para disfarçar o seu vexame.

Decorridos alguns instantes, Horácio, lançando um