Página:A pata da Gazela.djvu/95

Wikisource, a biblioteca livre

— Não amo a sua beleza material, oh, não! pensava o mancebo. O que eu adoro nela é a beleza moral, a alma nobre e pura, a criatura celeste, a luz, o anjo. Qualquer que fosse o invólucro de seu espírito imaculado, creio que havia de adorá-la tanto, como a adorei desde o momento em que primeiro a vi.

"Fosse ela feia para os outros, que chamam formosura o que lhes encanta os sentidos, para mim seria sempre bela, porque meus olhos haviam de vê-la através de seu esplêndido sorriso. O que é o corpo humano no fim de contas? O que é o contorno suave de um talhe elegante, e a cútis acetinada de um rosto ou de um colo mimoso? Um pouco de matéria a que a luz transmite a cor, o espírito e a vida. Tirem-lhe esses dois alentos, e verão que lodo impuro e nauseante ficam sendo aquelas formas sedutoras."

"Pois luz e espírito não eram a essência da alma de Amélia? Quando essa alma a vestia com uma túnica resplandecente, que mulher se lhe podia comparar em lindeza? Então não era somente formosa, flutuava em um éter de beleza deslumbrante."

"Mas ela não é feia, é aleijada!..."