— «Estava fresquissimo, minha querida — entrou dizendo Bella, vestida de seda crua, já preparada para o jantar. — Adeus doutor, como está? não se resolve a vir um dia dar a volta ao mundo? — Apertava a mão ao medico com amistosa franqueza e continuava para a amiga: — Acredita, Maria Helena, estava tão deliciosamente fresco que encontrei lá as mais bellas avencas que tenho visto.
— «Que exagero! E diz isto uma creatura que tem uma estufa com os mais lindos exemplares que existem em Portugal!...
— «Que barbaridade, queridinha! — e inclinava-se por traz da cadeira a beijar a viscondessa com ternura. — Pois ha nada que iguale o que a natureza nos dá espontaneamente, sem artificios nem cuidados?
— «Preferes então a rosa dos vallados á Marechal Niel?
— «Talvez que sim, vê tu que a rosa vulgar tem mais e melhor perfume do que aquella que a civilisação apenas poude alindar...
— «Sempre o paradoxo!
— «Olha; e apresentava-lhe um pequeno ramo feito de botões de rosas singelas rodeados de avenca muito fresca — queres dizer que é feio este ramo que te trouxe?
— «Este é lindissimo, principalmente pela intenção.
Beijou-a n’um agradecimento commovido.
A noite tinha vindo, entretanto, mas tão claramente illuminada pela lua cheia que mais parecia o continuar d’esse crepusculo doce de verão que as roseiras perfumavam...