— «A minha amiga dispensa bem a liberdade conferida pela lei, sentindo-se moralmente divorciada desse homem.
— «E no emtanto, veja V. Ex.ᵃ o que são as coisas! Eu venho exactamente trazer esse homem moribundo e pedir para elle a piedade da esposa — respondeu imperturbavel.
Bella levantou-se firme, crescida de orgulho e indignação.
— «Nunca lha pedirá, senhor.
— «Pelo amor de Deus, não me obrigue a ser indelicado, insistindo...
— Não! É um abuso, uma violencia. Ha um homem que atraiçôa vilmente sua mulher, que a despreza, sendo-lhe inferior, que a sujeita a todas as vergonhas e que por fim lhe atira com o nome á lama das ruas com o descaramento de um bandido que deixa no cofre, donde roubou os valores, o seu cartão de visita...
— «Minha senhora, mas esse homem está hoje morto e o desgraçado que lhe trago não tem de familia mais ninguem, alem da esposa. É justo que junto a ella se acôlha...
— «Justo porquê? Esse homem deixou de ter familia desde que foi o proprio a despreza-la; com que direito a procura agora?!
— «V Ex.ᵃ não me deixou explicar, não é elle que pede, somos nós, os seus amigos, ou antes os seus companheiros — emendou a um gesto de Bella — que resolvemos tira-lo de Paris onde não poderia viver entregue a criados...
— «Ha muitas casas de saude onde vantajosamente o poderiam internar.
— «Oh, mas seria escandaloso, um homem