— Ha de ter muito, não tem duvida: mas eu tenho mais, e v. s.^a tem ordem franca. Veja lá esse papel.
Simão leu uma carta de D. Rita Preciosa, escripta ao ferrador, em que o authorisava a soccorrer seu filho com as necessarias despezas, promptificando-se a pagar todas as ordens que lhe fossem apresentadas com a sua assignatura.
— É justo — disse Simão, restituindo a carta — porque eu devo ter uma legitima.
— Então já vê que não tem mais que pedir por bôca. Eu vou comprar-lhe arranjos...
— Abra-me o seu nobre coração para outro serviço mais valioso — atalhou o prêso.
— Diga lá, fidalgo.
Simão pediu-lhe a entrega de uma carta em Monchique a Thereza de Albuquerque.
— O berzabum parece-me que as arma! — disse o ferrador — Venha de lá a carta. O pae d’ella está cá, já sabia?
— Não.
— Pois está; e, se o diabo o traz á minha beira, não sei se lhe darei com a cabeça n’uma esquina. Já me lembrou de o esperar no caminho, e pendural-o pelo gasnete no galho d’um sobreiro... A carta tem resposta?
— Se lh’a derem, meu bom amigo.
Chegou o ferrador a Monehique, a tempo que um official de justiça, dois medicos, e Thadeu de Albuquerque entravam no páteo do convento.