esperando recompensa. Abre-me o seu coração, Marianna?
— Que quer que eu lhe diga?
— Conhece a minha vida tão bem como eu, não é verdade?
— Conheço, e que tem isso?
— Sabe que eu estou ligado pela vida e pela morte áquella desgraçada senhora?
— E d’ahi? quem lhe diz menos d’isso?!
— Os sentimentos do coração só os posso agradecer com amizade.
— E eu já lhe pedi mais alguma coisa, senhor Simão?!
— Nada me pediu, Marianna; mas obriga-me tanto, que me faz mais infeliz o pêso da obrigação.
Marianna não respondeu, chorou.
— E porque chora? — tornou Simão carinhosamente.
— Isso é ingratidão.... e eu não mereço que me diga que o faço infeliz.
— Não me comprehendeu... Sou infeliz por não poder fazêl-a minha mulher. Eu queria que Marianna podésse dizer: «Sacrifiquei-me por meu marido; no dia em que o vi ferido em casa de meu pae, velei as noites ao seu lado; quando a desgraça o encerrou entre ferros, dei-lhe o pão, que nem seus ricos paes lhe davam; quando o vi sentenciado á forca, endoideci; quando a luz da minha razão me tornou n’um raio de compaixão divina, corri ao segundo carcere, alimentei-o, vesti-o, e adornei-lhe as