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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS
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gosto do publico o amavío voluptuoso do amor sentimental.

Assim o quer a sucessão de seculos, em que a mulher foi a reclusa do convento ou da familia, tendo na vida um só fim — agradar.

Assim o estima o homem, que fez do amôr carnal o seu culto e da mulher a sacerdotisa desse culto. Mas sacerdotisa que se torna em escrava, deusa que se cobre de injurias e se lança ao monturo das velhas coisas inuteis, logo que o capricho, a paixão dos sentidos, foi como o fumo desfeito no céo sem nuvens.

O homem, passada a idade da poesia, segue triumphante o caminho da existencia, sem mais lhe importar com a sua inspiradora. Da deusa ideal dos seus sonhos faz a cozinheira habil, a dôna de casa ignorante e util, mixto de costureira e governante, a mãe paciente e sofredora dos filhos que são o seu orgulho.

A mulher, em geral, é, quando esposa, a companheira só para a vida banal e mesquinha — que nem por sombras deve abordar os graves pensamentos que preocupam o marido!...

Porque quando o homem, por acaso, encon-