Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/123

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que forceja por escapar a si mesmo e à dor que o possui; move-se e caminha, vai sem destino, fugindo ao que vê.

Assim chegara o moço àquele sítio.

Viu que tinha nas mãos um objeto; sentiu que esse objeto estava úmido. Era o lenço de Inesita que tinham molhado suas lágrimas. Não se lembrava de haver chorado; nem sabia como a prenda da menina saíra do seio onde a tinha guardada.

— Valia a pena defender contra o ódio de seu irmão esta vida que era dela? murmurava-lhe uma voz dentro d'alma.

Por misteriosa associação de ideias desembainhou a espada: dobrou-a no joelho; a lâmina partiu-se.

Olhou ele um instante os pedaços, como olharia na outra vida, precito já, seu espojo mortal. Rojou-os de si e serenou logo. A dor não se extinguira, não; mas agora a sentia como em distância, longe, bem longe do coração; cercava-o uma névoa espessa; estava em um mundo estranho e novo.

Para este da terra, acabava ele de finar-se. Quebrando a espada, sua defesa, morrera; sepultara-se atirando os pedaços ao chão. Sombra