Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/40

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— Quanto sei, digo-o a V. Paternidade, aprendi dos que durante dois séculos engrandeceram a nossa ordem para a maior glória de Deus. Eles me ensinaram, P. Inácio, que os companheiros de Jesus desde que prestam voto de obediência passiva aos superiores, não têm vontade sua.

O frade encarou com o companheiro, como para ver se era o mesmo homem que lhe falava, tão grave lhe pareceu a entonação daquela voz há pouco doce e insinuante; mas o P. Molina já não lhe dava atenção e estava completamente embebido em ver a festa.

Houve uma pequena pausa durante que o P. Molina contemplava a festa, e o P. Inácio contemplava seu estranho companheiro.

O mais velho dos dois jesuítas estava surpreendido do caráter audaz e do espírito arguto que revelara nesta conversa o frade chegado aquela manhã de Espanha.

O tom humilde e tímido com que às vezes falava o P. Molina indicava o homem habituado à obediência; outras vezes a sua voz acentuava a palavra com energia e firmeza, e o seu olhar caía incisivo e penetrante.

Decorreu algum tempo ainda; de repente ouviu-