Página:As Minas de Prata (Volume II).djvu/57

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— Sai-te, mendiga!

— Antes mendiga que ladra!... Cuidas tu, cadela, que és, e não adela, que te fazes... Cuidas tu que não se sabe do teu comércio danado com o judengo? E da tavolagem que dás no fundo da tenda? E do mais que por aí vai?...

— Vamo-nos daqui, mestre Bartolomeu, que hoje parece anda o diabo solto. Dia de festa é sempre isto!... Muito beberrico, por força que hão de vomitar quanta blasfêmia há!

— Vai, vai, cadela, para a pocilga, mas ouve o que te digo!... Estes olhos, que a terra há de comer, não se fechem sem que te vejam pendurada no Largo do Rosário de súcia com teu bonifrate!

Depois dessa praga a feiticeira perdeu-se outra vez na multidão, e deixou que a adela continuasse seu colóquio com o mestre de capela, que seguia um tanto ressabiado do que ouvira e desejoso de ver-se livre da companheira.

De repente soou a voz do licenciado Vaz Caminha; rompendo o cardume de povo que o submergia, conseguira ele afinal surgir na espécie de esteiro, que o Pires ocupava no meio das vagas revoltas desse mar agitado.

O mestre de capela, apenas o descobriu, estendeu-