Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/192

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Que no seu peito trespassado havia de achar um lenço cortado do ferro e tinto do seu sangue para o entregar a ela, a D. Inês, ajuntando que lhe tornava quanto era seu, pois o mais ficava na terra fria”.

O menino enxugou as lágrimas, que borbulhavam, e continuou com a voz sufocada:

— Quando penso que isto possa acontecer, Joaninha, sinto em mim uma gana de morder o nariz ao excomungado do alferes, para que me ele mate a mim primeiro. Foi nesta aflição, que me lembrei de ti, para dar uma volta ao caso. Ninguém me tira, que uma palavra da doninha ao Senhor Estácio mudava tudo do preto para o branco!

Joaninha, que de princípio escutara o pajem no doce assomo da esperança, fora depois a pouco e pouco retraindo-se, até que afinal recolhidos inteiramente os espíritos, languesceu, frouxo o talhe esbelto, pendida a fronte e inertes os braços caídos. Melancólico abatimento oprimia agora a natureza vivace e travessa da rapariga.

— Eram pois os amores do Senhor Estácio que trazias na tenção, Gil? Só eles?

— Que mais querias que trouxesse, Joaninha?