Página:As Minas de Prata (Volume III).djvu/218

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a dona logo voltando-se para a mulatinha, disse-lhe:

— Vai por diante, moça. Gosto da história: já li coisa parecida, que muito me deleitou.

A mulatinha não se fez rogar.

— Onde fiquei eu? perguntou Joaninha.

— No desafio do infante.

— Sim. Era para o romper da manhã, e o cavalheiro estava muito descansado de seu. Mas o Tinhoso as tece a seu jeito. Saberá agora que o infante tinha um feiticeiro...

Neste ponto a travessa mulatinha com um trejeito dos lábios e um esgar dos olhos designou o rochonchudo frade:

— Com que o infante tinha um feiticeiro que era uma bola de gordo e roncava como um porco, cujo feiticeiro corria fama ser forte nas artes da mágica preta. Foi-se a ele o infante, e pediu-lhe que arranjasse modos de sair vencedor do combate com o cavalheiro. Que havia de responder o bruxo?... “Esse cavalheiro, ilustre infante, tem em si uma grande força que o faz invencíbil, como Sansão; mas essa força não traz ele nos cabelos como o outro, senão dentro do coração. É o contentamento de sentir-se querido de Flor de Beleza.”

“Como o infante saía descoroçoado, o bruxo tornou-lhe, que não obstante pelos seus feitiços