deixar de fazer lá com seu bestunto esta reflexão filológica:
— Ui! o diabo fala língua de gente!...
— Como te chamas?
— Beltrão, Senhor Satanás, servo de Vossa Senhoria.
— Que fazes tu aqui?
— Sei-lo eu?... Se Vossa Senhoria foi quem me trouxe, e sem dizer para quê!
— Pergunto-te em que te ocupas no castelo?
— Ai!... No castelo... sim... eu era, como quem diz, ajudante de cozinha.
— Vais tu alguma vez à cidade?
— Todos os dias com o mestre da cozinha para as compras!
Houve entre os três um sussurro de satisfação.
— Conheces tu um mercador judeu de nome Samuel, que mora na Rua da Palma?
— Senhor, não. Nunca lo vi!...
— Pois irás por ele amanhã quando chegares à terra.
— Irei! Oh! se irei!...
— E lhe dirás... Ouve bem e guarda... Lhe dirás à parte que os três flamengos presos no Castelo de Santo