— Quem és tu, e que fazes aqui a esta hora, taful!
— Ai! sou eu, Senhor D. José, com vosso respeito!
— Oh! mestre Brás, vós em casa do judeu Samuel, tão tarde da noite?
— Os tempos andam tão maus, senhor alferes!... Vim empenhar umas pratinhas!...
— O judeu ainda está acordado; abrirá ele?...
— A Vossa Mercê, sem dúvida!...
O taberneiro escamou-se; o alferes caminhou para a porta do judeu.
— Quê, D. José?... Ainda pretendeis voltar ao jogo?... Se não vale meu pedido, valha ao menos a fama de vossa irmã, pois vos repito que dela e de sua honra se trata.
O alferes ao tom grave do amigo vexou-se e sem responder-lhe apressou o passo. Chegaram à casa de Ataíde; eram dez horas; a ceia os esperava sobre a mesa; sentando-se, Fernando despediu os fâmulos com um aceno, e tirou do bolso do calção um papel cerrado em carta, e o apresentou aberto a D. José; este leu um escrito assim concebido: