a imagem graciosa de Elvira, ajoelhada ao genuflexório na cabeceira do leito. A formosa donzela, desfeita do lindo parecer, com a melancolia esmaltada no rosto mimoso, rezava; mas de repente turbava-se o recolhimento e compunção de sua atitude devota; e uma ideia veemente arrancava-lhe um gesto de enérgico desespero. Sua mão arrebatava do seio, onde o tinha oculto, um papel, e esmagando-o entre os dedos convulsos, o erguia para o crucifixo com as mãos ambas estendidas, implorando a misericórdia divina.
Quando o índio deu conta pelo miúdo do que vira, Cristóvão apertou o braço do amigo:
— Esse papel é para mim, Estácio!
— Sem dúvida!
— E ela não tem um meio de mo enviar.
— Nós lho daremos!...
— Como, meu Deus?
Estácio tirou do bolso onde o guardara, o fio que lhe mandara Vaz Caminha, e começou a medir-lhe as braças; tinha dez, cerca do dobro da distância em que estavam da janela:
— Para onde está olhando a virgem branca?
— Para lá! respondeu o índio.
— Não tires os olhos dela.