Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/182

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que se tratava de uma prisão importante de pessoa moradora naquela rua; mas quem ela fosse, por ora estava em segredo. Os soldados do governador para derrotar a curiosidade tinham feito correr este boato; e como eles estavam espalhados por quase toda a rua, ninguém podia com certeza saber que porta guardavam.

Por este tempo um homem do povo coseu-se à rótula da Mariana, a qual já apercebida do que ia pela rua, estava a espreitar pelas frestas. D. Aníbal não deu atenção alguma a este incidente. Não tinha ordem de guardar aquela porta; nem o indivíduo lhe inspirava suspeitas como o frade.

— Venho do P. Molina! disse o sujeito baixo.

A beata abriu logo a rótula e recebeu o recado que o visitador lhe mandava. Devia ela fingir um ataque, dando altos gemidos, e despachar incontinenti o mesmo emissário a chamar o jesuíta para confessá-la, pois o serviço da Igreja assim o exigia. Isso foi tão depressa dito, como feito.

Mariana estendeu-se sobre o catre a estrebuchar e gemer; o homem abriu arrebatadamente a rótula, e deitou a correr para o fim da rua onde