Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/271

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porta do advogado; mas vendo as réstias de luz que filtravam pelos interstícios da janela, bateu de leve nas grades. Vaz Caminha interrompeu o trabalho um tanto surpreso, mas não muito; pois não era a primeira, nem segunda vez que lhe batiam na porta a tais desoras.

— Quem bate? perguntou de dentro da rótula.

— Uma pessoa que vem de parte de D. Fernando de Ataíde sobre negócio urgente! respondeu voz desconhecida, que vibrou uma corda íntima no coração do velho.

Ele correu a abrir. O desconhecido entrou rápido, fechou a porta sobre si, e enlaçou o advogado com os braços, apertando-o ao peito.

— Vitória, mestre!... murmurou ele.

— Estácio!... Filho!... exclamou o velho trêmulo de comoção.

E não pôde dizer mais. Abraçou o mancebo, e calcando a mão ao seio, parecia querer ampará-lo contra a súbita e tamanha alegria que ameaçava despedaçar as arcas do peito.

Ao tempo que isto acontecia no corredor da casa do advogado, a rótula quase fronteira se abria, e dois vultos saíam; um partiu de corrida rua acima,