— Julguei que a senhora marqueza de Rabicó fosse ficar no chiqueirinho do senhor marquez...
A menina achou muita graça naquella idéa.
— Emilia é uma emproada, principe, que não dá confiança ao marido. Casou-se só por casar, pelo titulo, e se encontrar por aqui um duque, é bem capaz de divorciar-se do marquez. A menos que não queira se casar com o visconde, concluiu com malicia voltando-se para a boneca.
Emilia replicou sem demora, fazendo a sua celebre carinha de pouco caso:
— "Animal" não casa com "vegetal"...
O principe ia-se retirando para que a menina pudesse descansar á vontade, quando Pedrinho appareceu no quarto.
— E agora, principe, que é que vamos fazer? indagou elle.
— Descansar da viagem, respondeu Escamado.
— E se fizessemos de conta que já estamos descansados?
— Nesse caso os convidaria para a festa de recepção na sala do throno.
— Como é essa festa, principe?
— Oh, muito linda! Começa com um bonito discurso official; depois outro discurso...
— Páre, principe! Chega de discursos. Prefiro ir dar um passeio pelo fundo do mar, e Narizinho com certeza prefere ir tratar dos seus vestidos.
— E' verdade! acudiu ella. Preciso chegar á casa de dona Aranha Costureira para combinar com ella o meu vestido de casamento e um de cauda bem comprida para a marqueza. Não podemos apparecer na côrte nestes trajes, não acha, Emilia?
— Pois de certo. Basta a triste figura que fiz da primeira vez...