pre os mesmos. Cada vez que Narizinho enjoa-se da cara della, muda. Muda tudo. Muda a bocca mais para baixo ou mais para cima. Muda as sobrancelhas, muda os olhos. Houve até uma semana em que Emilia passou sem olhos cinco dias.
— Como pode ser isso? inquiriu o caranguejo muito admirado.
— Narizinho estava mudando os olhos della, que são de retroz, e já tinha arrancado os velhos para pôr novos, quando percebeu que não havia mais retroz no carretel. Até que alguem fosse á cidade e trouxesse mais retroz, a coitada ficou sem olhos, ceguinha num canto, sem enxergar coisa nenhuma.
Apezar de ser um guerreiro de coração duro o caranguejo murmurou apiedado:
— Coitada! Como não havia de ter soffrido...
— Mas tambem, continuou Pedrinho, quando a linha veio e Narizinho botou-lhe olhos novos, bem arregalados, Emilia tirou a fórra. Passou o dia inteiro sem fazer outra coisa senão olhar.
— Tem filhos? perguntou ainda o curioso capitão.
— Não. Narizinho não quer. Emilia é sua companheira de passeios e viagens. Se tivesse filhos teria de ficar em casa, a dar de mamar para as creanças, a lavar fraldinhas — e adeus passeios!...
VI — OS ESPANTOS DO PRINCIPE
Narizinho e o principe de braços dados percorriam o sitio. Já haviam visitado o chiqueirinho de Rabicó e estavam agora sentados na grama á espera da Emilia para irem visitar a vacca mocha. O principe não fazia a menor idéa do que fosse uma vacca, mostrando-se impaciente por ser apresentado áquella.
— A vacca mocha, explicava a menina, é a senhora