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AVENTURAS DO PRINCIPE

sobraram do despertador que concertei. Roda é coisa que não existe no mar. Juro que o principe vae ficar contentissimo.

Todos approvaram a idéa, e Escamado recebeu de presente as quatro rodinhas, como lembrança das quatro pessoas do sitio.

Na hora das despedidas houve choro. Até Emilia fugiu do bolso da menina, apparecendo com duas lagrimas da torneira nos olhos de retroz. Approximou-se do principe, muito cautelosa para que Narizinho não visse, e cochichou-lhe disfarçadamente:

— Se o senhor principe me conseguir uma boa aranha costureira eu arranjo geito de dona Benta trocar a mocha por uma baleia.

Terminadas as despedidas, lá se foi o principe, com a sua comitiva, todos de nariz vermelho de tanto chorar. Dona Benta, tia Nastacia, Narizinho e Emilia, á janella acenavam saudosamente com os lenços.

— Adeus! Adeus...


A primeira a falar foi Narizinho.

— O que vale é que o gato Felix não tarda por ahi. Se não fosse isso, não sei o que seria de nós — nesta tristeza das saudades...

Nem bem acabou de falar e o gato Felix surgiu no terreiro.

— Acudam! miou elle. O principe está se afogando!...

Todos correram ao encontro do gato, sem comprehenderem o que elle dizia.

— Afogando como, se elle é peixe? exclamou a menina.

— Sim, mas passou muito tempo fóra d'agua e desaprendeu de nadar.

— Soccorro! berrou Narizinho.

E disparou como louca na direcção do rio para salvar o seu amado principe...

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