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— Encontrei outra velha, muito velha, e perguntei: "A senhora..."

— Etc., etc., disse Emilia. E que que ella respondeu?

O gato Felix, ainda mais desapontado, continuou:

— Ella respondeu: "Esse lugar não existe, gatinho. O demo nunca teve botas. Você não sabe que o que elle tem são cascos?"

— E ahi? indagou Emilia, que estava achando aquella historia muito sem geito.

— Ahi eu... eu... parei de procurar a tal terra e fui cuidar de outra coisa.

Desta vez quem desapontou foram os ouvintes. Dona Benta olhou para Narizinho, tia Nastacia olhou para dona Benta, Pedrinho olhou para o forro. Só Emilia teve coragem de olhar para o gato. Arrebitou o nariz de retroz, fez um muxoxo de pouco caso e disse:

— Não valeu a pena vir de tão longe para contar uma historia tão sem pé nem cabeça. Eu, que nunca sahi daqui, sou capaz de contar uma muito mais bonita.

— Pois então vamos dormir, disse dona Benta, levantando-se, e quem conta a historia de amanhã vae ser a Emilia.


II — A HISTORIA DA EMILIA


Na manhã seguinte tia Nastacia appareceu dizendo que havia sumido um pinto do gallinheiro. Eram doze e só encontrara onze.

— Que será? disse dona Benta.

— Deve ser alguma raposa que anda rondando por aqui ou algum gato vagabundo. E que pena, sinhá! Sumiu justamente o mais bonito, um carijózinho...

Logo que os meninos souberam do caso, Pedrinho disse:

— Vou armar uma ratoeira, mas o melhor é consultarmos o visconde. Depois que foi embrulhado num folheto