— Mas todos gostaram. Até Narizinho, que sabe todas as historias dos livros.
— Gostaram de dó de você. Se não gostassem, você punha-se a chorar que não acabava mais.
— Mentiroso! Eu nunca chorei nem hei de chorar, e muito menos por causa de uma simples brincadeira. Você é um grandessissimo mentiroso, sabe?
— Porque?
— Porque é! Você nem é americano, nem nasceu em nenhum arranha-céu, nem é parente do Gato de Botas, nem foi engulido por tubarão nenhum. Tudo isso não passa de potóca. Eu sei conhecer muito bem quando uma pessoa está mentindo ou falando a verdade...
O gato ficou furioso e quiz arranhar Emilia. A boneca deu um berro e chamou Narizinho.
— Que é, Emilia? disse a menina apparecendo. Que aconteceu que está tão damnadinha?
Emilia ergueu-se da rede, colerica, e apontou para o gato.
— E' esse cara de coruja que está querendo me arranhar! Já se viu que desaforo?
— E porque? indagou a menina. Porque é que vocês brigaram?
Emilia empertigou-se toda e disse:
— Elle está morrendo de inveja da minha historia e veio aqui me provocar. E como eu disse que elle não é americano, nem parente do gato de Botas, nem foi engulido por tubarão nenhum, o burro ficou damnado e quiz me arranhar. Esse hippopotamo!...
O gato virou-se para Narizinho e disse:
— Veja bem que é ella que está me insultando. Se eu sou hippopotamo, ella o que é? Uma macaca!...
Aquillo era demais. Emilia perdeu a cabeça, avançou para o gato Felix, agarrou-o pela barba e deu tal puxão que arrancou um fio.