III — BRANCA DE NEVE
Nesse momento o visconde gritou do alto da sua janella :
— Estou vendo outra poeirinha lá longe!...
— Deve ser a minha amiga Branca de Neve, disse a princeza Cinderella. Branca mora perto de mim e quando passei por lá vi que sua carruagem já estava na porta do castello.
E foi isso mesmo. Minutos depois ouviu-se um toc, toc, toc. O marquez abriu a porta e annunciou:
— A princeza Branca das Neves !
Narizinho damnou outra vez.
— Branca de neve, bobo! disse de passagem, indo receber a recem-chegada.
Introduziu-a, fez as apresentações e levou-a a sentar-se junto de sua amiga Cinderella. Branca reconheceu immediatamente a famosa boneca, apezar de ser a primeira vez que a via.
— E trouxe um presentinho para você, disse, tirando da bolsa um pacote. E' um espelho magico que responde a todas as perguntas que se lhe façam. Toma.
Abriu o pacote amarrado com fita de ouro e deu-o a Emilia.
Que alegria ! A boneca abraçou o espelho, beijou-o, bafejou nelle e depois o limpou, bem limpo, com o seu lencinho de cambraia. Por fim não resistiu á tentação de fazer alli mesmo uma experiencia.
— Diga-me, senhor espelho, qual é a boneca que conta historias mais bonitas?
— E' a illustre marqueza de Rabicó! respondeu o espelho na sua voz magica.
Emilia suspirou. Embora nada dissesse, Narizinho percebeu que aquelle suspiro era de tristeza de já ser casada e não poder casar-se com o espelho.