de coisas sobre dona Carocha, aconselhando-o a fugir de novo para vir morar com elles alli no sitio.
Logo que todos partiram a casa de dona Benta ficou mais vazia do que nunca. Na sala, só os dois meninos e a boneca. No terreiro, só a mocha mascando as suas palhas e Rabicó acabando de comer a sua raiz de mandioca.
Os dois meninos trocavam impressões.
— De quem mais gostei foi de Branca de Neve, dizia Narizinho. Como é boa e linda! Contei-lhe que estive com a aranha que lhe fez o vestido de casamento e Branca ficou muito admirada. Pensou que dona Aranha tivesse morrido do desastre na perna. Nunca imaginei que pudesse haver uma creatura alva assim. Parece feita de coco ralado...
— E eu gostei muito do Gato de Botas, disse Pedrinho. Já Aladino achei um tanto prosa. Pensa que aquella lampada é a maior coisa do mundo.
Nisto Emilia, que havia rolado para debaixo da mesa, deu um grito de espanto.
— Olhem o que está aqui! disse ella. A lampada de Aladino! Com a pressa elle esqueceu-se de leval-a...
— E' verdade, exclamou Pedrinho no auge da alegria. Esqueceu-se e agora a lampada é minha!...
— E está aqui tambem a varinha de condão de Cinderella! berrou de novo Emilia mostrando o precioso talismã. Com a pressa esqueceu-se da vara e a vara é minha. Vou brincar de virar o dia inteiro.
E olhem o que está aqui atraz do armario! gritou por sua vez Narizinho. As botas de sete leguas do Gato de Botas. São minhas — e quero ver quem me pega!...
Ficaram todos os tres na maior alegria da vida, a mirar e remirar aquellas maravilhas e a fazer projectos de aventuras ainda mais extraordinarias que as que os livros contam.
No melhor do enlevo, porem, ouviram uma batidinha tremula á porta, tuc, tuc, tuc...