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O CIRCO DE ESCAVALLINHO

— Tenho agora de levantar um emprestimo, disse elle. Sem comprar uma peça de algodãozinho não poderei fazer um circo direito. Mas custa 10$000 e só ha no meu cofre 5$300.

A menina fez a conta na areia com um pauzinho.

— Estão faltando 4$700, se a minha conta está certa.

— Menos, advertiu Pedrinho. Podemos contar com a renda do circo.

— Grande renda! Você bem sabe que todos vão pagar de mentira, e com dinheiro de mentira não se compra nada nas lojas.

— Sim, mas ha duas cadeiras de mil réis cada uma, reservadas para vóvó e tia Nastacia. Ellas teem que pagar dinheiro de verdade. E vou fazer já os bilhetes, porque precisamos vender essas cadeiras hoje mesmo e receber o cobre adiantado.

Pedrinho enguliu apressadamente as ultimas pitangas e foi fazer os dois bilhetes especiaes.


C. de E.
Cadeira reservada 
 1$000


Narizinho, como era muito geitosa para negocios, encarregou-se de vendel-os. Dona Benta não botou duvida; comprou e pagou uma nota muito velha, mas que ainda corria. Tia Nastacia, porem, era a negra mais barateadeira deste mundo, de tanto baratear com os turcos que passavam por lá. Fez a choradeira do costume e tanto barateou que obteve a sua cadeira por 800 réis.

— Com uma condição! disse a menina. Você tem que arranjar um taboleiro de cocadas e pés de moleque. Circo sem cocadas perde a graça.

A negra resmungou, resmungou, mas acabou promettendo.