— São elles, sinhá. Vêm tudo encarapitado num burro. Crédo! Até parece bruxaria...
O burro vinha na galopada e breve parou no terreiro, com sua penca de gente no lombo. Penninha montava no meio, trazendo o visconde na mão; Narizinho montava na garupa, com a Emilia no bolso; Pedrinho occupava a frente.
Pularam do animal e se dirigiram para a varanda.
— Que coisa exquisita! murmurou tia Nastacia. Repare, sinhá, que o visconde vem pendurado no ar, com uma penna de papagaio voando em cima delle...
— Boa tarde, vovó! gritou Narizinho ao pisar no primeiro degrau da escada. Aqui estamos de novo, depois dum dia inteiro de aventuras espantosas!...
— Estou vendo, respondeu dona Benta, e muito contente fico de nada de mau ter acontecido. Mas não posso comprehender o que significa isso do visconde vir pendurado no ar, com aquella penna em cima.
Os meninos deram uma gargalhada.
— Nem que a senhora pense um seculo é capaz de adivinhar, vovó! Veja se consegue...
Dona Benta olhou, olhou, pensou, pensou e nada. Consultou a negra com os olhos e depois disse:
— Impossivel, Diga logo, que já estou ficando afflicta.
— E' o Penninha! berrou Emilia.
A velha ficou na mesma.
— E' o Penninha que vem segurando o visconde! berrou a boneca inda mais alto.
A boa senhora olhou para a negra, fazendo beiço. Não entendia nada. Narizinho, então, teve dó della e contou a historia inteira do menino invisivel que os levára ao Paiz das Fabulas.
— Elle vem carregando o visconde, mas como é invisivel, a gente só vê o visconde...
As duas velhas não tiveram palavras para commentar