Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/115

Wikisource, a biblioteca livre

as histórias e os desafios. Carlos, de espírito mais ponderado, conversava às vezes com o fazendeiro, e procurava instruir-se. Interessava-se pela cultura do algodão, e elogiava a abundância da colheita durante esses dias.

— Ora! — protestou o fazendeiro — tenho uma pequena plantação... Nem imagina você o que é a abundância em outras fazendas. Agora, sou, principalmente, um criador de gado, e não me dedico muito à lavoura. Mas fui lavrador no Maranhão, e tenho parentes que possuem muitas plantações de algodão em Pernambuco. O que você está vendo aqui é apenas uma insignificância; para mim, o algodão não é a renda principal: é apenas um proveito mais, para não se desperdiçarem a riqueza do chão e o resultado dos pés de algodoeiro que estão ali.

— Porque a terra é muito rica?

— Muito rica. E o algodoeiro dá-se muito bem em todas as terras do Brasil, tanto no norte como no sul. O algodoeiro exige muito sol, muita luz.

— Mas o melhor algodão é o daqui?

— É o melhor de Pernambuco e de Maranhão, mas todo o algodão de todo o Brasil é excelente.

— Dá muito trabalho a lavoura?

— Não muito. Está claro que a produção é melhor, quando a terra é bem revolvida, bem estrumada e bem irrigada, nas lavouras que empregam muito capital. Mas às vezes a lavoura é rudimentar, e nem precisa de arado. Corta-se o mato bravo, faz-se a queimada para destruir as raízes e limpar o solo, e abrem-se pequenas covas, pouco fundas, havendo entre elas a distância de metro e meio a dois metros. Cada cova recebe três ou