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O sertanejo escolheu, então, duas vergônteas, duas varas finas e flexíveis, cortou-as, e atou à ponta mais delgada de cada uma delas um fio de dois metros de comprimento; e na extremidade de cada fio prendeu um anzol. Depois, começou a cavar com a faca a terra úmida da beira do rio.

— Que é que você procura aí dentro? — perguntou Alfredo, interessado.

— Procuro uma isca...

Apanhou na terra revolvida algumas dez ou doze minhocas, e enfiou uma delas em cada anzol, de modo a deixar a ponta deste escondida e invisível. Feito esse trabalho preliminar, encaminharam-se os três para a ribanceira, e pararam num ponto onde as águas eram mais calmas e o riacho parecia mais profundo. Juvêncio e Carlos empunharam as varas, e deixaram cair os anzóis, que se afundaram na água em virtude do próprio peso. E os dois, quietos, de cócoras, deixaram-se ficar imóveis, segurando as varas, estendidas horizontalmente.

Alfredo começou a mover-se e a falar, ao lado deles, fazendo-lhes perguntas. Mas Juvêncio impôs-lhe silêncio. Carlos, inquieto, desajeitado, mexia-se, agitava-se involuntariamente, distraía-se. Mas o sertanejo era um verdadeiro pescador. A sua atenção não se desviava do trabalho. Em certo momento, o rapaz atento, sentiu que o anzol tremia, e compreendeu que o peixe estava beliscando a isca; moveu a vara ligeiramente, e, sentindo a resistência, deu-lhe um puxão rápido e forte, levantando-a, Carlos e Alfredo viram apenas