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Nesse momento, passavam diante de uma oficina de ferreiro. Lá dentro era grande a atividade. Via-se flamejar o fogo, e ouviam-se choques violentos e repetidos de metais. Juvêncio murmurou:

— Tenho uma idéia... Vou perguntar ali se precisam de um ajudante. Se disserem que não, paciência!

Entraram. O ferreiro, batendo com o malho um peça de ferro incandescente, que o aprendiz apoiava sobre a bigorna com uma tenaz, não pareceu dar pela entrada dos três viajantes.

— Desculpe-me, se o interrompo — disse Juvêncio, — o senhor não terá por agora necessidade de um ajudante?

O ferreiro interrompeu o trabalho, passou o martelo sobre o cepo da bigorna, e disse:

— Se tenho! Justamente adoeceu hoje o rapaz que tratava do fole, e estou atrapalhado com um trabalho urgente. Você conhece alguém que me possa servir, rapaz?

— Conheço, sim, senhor!

— E quem é?

— Sou eu.

O homem examinou-o com atenção, e não pareceu ficar muito satisfeito com a sua pouca idade:

— Você?

— Sim, Senhor! Não sou muito desenvolvido, mas sou forte, e trabalho bem. Além disso, conheço esse trabalho, porque já fui aprendiz de ferreiro.

— Homem! — disse o ferreiro, hesitando — você nessa idade não pode prestar grandes serviços...