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XLVI. O MORIBUNDO

Ficando só com o mais velho dos irmãos, o enfermo ainda pediu um pouco de água, e contou dificilmente a sua história, parando de frase em frase.

— Ah! Meu menino! Estou vendo que não tenho muitos minutos de vida! Eu ... já vinha... tão doente!

— Para onde ia?

— Ia a Vila Nova consultar um médico. Saí de Jaguarí à noite, porque tinha confiança no cavalo, e conheço bem estes caminhos. Mas, não sei como, rolei da sela... creio que tive uma vertigem... e vim parar aqui... Ai!... e a minha gente, que não sabe o que me aconteceu!

— Sossegue! — disse Carlos — o meu companheiro já foi prevenir sua família, e é impossível que ela não mande recursos para socorrê-lo!

— Manda... manda, com certeza! — falou o velho, com a voz cada vez mais cansada — no meu sítio... há bastantes trabalhadores... nós somos remediados... Mas... creio que os socorros... vão chegar tarde...

— Não! Sossegue! Não fale tanto assim, que se cansa inutilmente... O senhor está tão fraco!