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LVII. A TEMPESTADE

No dia seguinte, logo depois do meio dia, o calor apertou. O sol queimava. Quase não havia viração. Por volta das duas horas da tarde, uma nuvem negra começou a crescer no céu, sobre a proa do navio. Carlos e Alfredo ouviram o comandante dizer:

— Não tarda muito que a encontraremos! Caminhamos para ela, e ela caminha para nós.

— Ela, quem? — perguntou Alfredo curioso.

— A tempestade.

— Jesus! — exclamou o pequeno, empalidecendo — uma tempestade?! Então, estamos perdidos?!

O comandante passou-lhe a mão pela cabeça, e disse, gracejando:

— Fique sossegado, que ainda não chegou a hora da sua morte! A tempestade, que aí vem, não há de passar de uma boa trovoada, com uma boa carga de chuva...

A nuvem crescia cada vez mais. Agora uma viração passava. Ouvia-se longe o ronco do trovão. O navio começou a jogar com mais força. Quase todos os passageiros de primeira classe