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estendiam-se em frescas vargens cobertas de capim e de junco.

Carlos, absorvido na sua idéia fixa, a moléstia do pai, – ia calado e pensativo, com a fronte enrugada, sem olhar os aspectos da natureza; mas, Alfredo não se fartava de gozar o espetáculo. Em certa altura, o trem passou junto, quase rente de um velho casarão em ruinas, com um alpendre na frente e as paredes velhas, esburacadas e negras, quase caindo.

— Que é isto, Carlos? – perguntou o pequeno.

— Deve ser um engenho...

— e porque está assim tão feio?

— Porque é muito velho.

— E deve ser realmente muito velho! –disse Alfredo — Esta casa deve ter mais de mil anos!

— Que mil anos!? – Exclamou Carlos, rindo.

— Não tem?

— Está claro que não! não ha casa no Brasil que tenha mil anos! pois se ha pouco mais de quatrocentos anos que o Brasil foi descoberto...

— Ah! sim! não me lembrava!

Nesse momento, reinou repentinamente a escuridão dentro do carro. Tudo ficou inteiramente negro. Com um rumor muito mais forte, a máquina ofegava na treva. Alfredo, assombrado, agarrou-se ao braço do irmão:

— Não é nada! – disse-lhe este. — estamos atravessando um túnel; sairemos já, não te assustes!

De fato, instantes depois, o trem libertava-se da escuridão; e a luz do dia irradiou outra vez,