Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/270

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devastada pelas formigas, ou assolada pelos gafanhotos. Não se pode colher de fruto em fruto; raspa-se todo o ramo, e, com um só movimento, apanha-se uma mão cheia.

“O serviço é áspero; a haste nodosa do cafeeiro dilacera as mãos ainda não habituadas e calejadas. Colhida uma certa porção, leva-se à peneira; retiram-se as folhas que ficam em cima, e vão os frutos para os montes. Cada apanhador de café tem o seu pano, espécie de lençol, que se estende em baixo do arbusto, e onde cai grande número de frutos; antes de passar adiante, ergue-se o pano, e recolhem-se todas as bagas que sobre ele caíram. Cada trabalhador leva para as grandes ruas do cafezal, para os caminhos de carro, — o seu café, e aí o entrega, medido. Fazem-se grandes montes de café em cereja, isto é, do fruto maduro, colhido e fresco, ainda rubro ou alaranjado como a cereja madura. Dois, três, quatro dias passa aí o fruto, e os carros de bois o vão conduzindo para os terreiros de café, ao pé do engenho.

“Esse terreiro é uma vasta esplanada, de chão nivelado, horizontal, cimentado, ou batido, de centenas de metros quadrados de superfície, e sobre o qual o café é espalhado para secar. Em face, fica o engenho; e, logo junto, o paiol, as tulhas.

“Espalham-se as carradas de cereja sobre o terreiro, e aí fica o fruto, até secar completamente a casca, que toma o aspecto de um pequeno coco, ou de uma pequena avelã, comprida e quase negra. Dentro, chocalha o grão do café. É o café em coco. Para que ele chegue a esse estado,