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Era noite. Juvêncio adormeceu, embalado no sonho das riquezas que o homem lhe apontara à imaginação.

No outro dia, logo cedo, — Recife. O vapor deteve a marcha, num mar revolto, bem em face da cidade, de que o separava a muralha baixa e negra, contra a qual se quebravam as ondas furiosas; depois, aproou para uma abertura dessa mesma muralha, e penetrou no porto, — uma espécie de doca natural, onde os navio se apinhavam uns contra os outros.

Enquanto o vapor manobrava, entrando o porto, um oficial de bordo explicou a Juvêncio:

— Nem todos os navios podem manobrar aqui, como este. Os de grande calado ficam lá fora, no mar largo. Mas já se está construindo um novo cais imenso, como o do Rio de Janeiro, e o de Santos, podendo receber todos os paquetes. E também haverá novos cais, magníficos portos na Bahia, no Ceará, no Maranhão, e no Rio Grande do Sul.

A demora foi de dois dias, e Juvêncio teve o prazer de passear longamente pelas ruas da capital de sua terra. Achou-a belíssima; admirou muito o Beberibe e o Capiberibe, que a cortam, e as pontes que ligam os diversos bairros separados por esses rios.

Na tarde da partida, quando o navio transpunha de novo a muralha negra, perguntou Juvêncio ao marinheiro:

— Mas isto é realmente um muro?

— Não! É um recife, isto é: uma muralha natural, de pedra coral; e vem assim, mais ou menos paralela à costa, desde a barra do São