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Prefacio da segunda edição



AS aventuras de Robinson Crusoé constituem talvez o mais popular livro do mundo. Da mesma categoria são estas de Hans Staden.

Se as de Robinson tiveram a divulgação conhecida, proveio de passarem ás mãos das crianças, em adaptações conforme a idade, e sempre remoçadas no estilo, de acôrdo com os tempos. Com as de Staden tal não sucedeu — e em consequencia foram esquecidas.

Quem lê hoje, ou pode ler, o livro de Defoe na fórma primitiva em que apareceu? Os eruditos. Tambem só os eruditos arrostam hoje a leitura do original das aventuras de Staden.

Traduzidas ambas, porém, em harmonia moderna, toante com o gosto do momento, emparelham-se em pitoresco, interesse humano e lição moral. Equivalem-se.

Anos atrás tivemos a idéia de extrair do quasi incompreensivel e indigesto original de Hans Staden esta versão para as crianças — e a acolhida que teve a primeira edição, bastanle larga, leva-nos a dar a segunda. Trazia estas palavras á guisa de prefacio que ainda não são descabidas:

INESTIMAVEL o valor das memorias de Hans Staden, o aventureiro alemão que esteve prisioneiro dos tupinambás oito meses durante o ano de 1550. Representam o melhor documento daquela epoca quanto aos costumes e mentalidade dos indios. Em vista disso dona Benta não poderia deixar de contar a historia de Hans Staden aos seus queridos netos — como não poderão as outras avós e mães deixar de repeti-la aos seus netos e filhos. Para facilitar-lhes a tarefa damos a publico este apanhado, em linguagem bem simples, no qual seguimos fielmente a obra original.