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MONTEIRO LOBATO

Essa situação não podia prolongar-se por mais tempo e, como a tripulação dos dois navios não coubesse num só, o capitão deliberou que metade dos homens seguisse por terra para Assunção. Tinham que caminhar trezentas milhas através de florestas e desertos desconhecidos. Felizmente conseguiram levar alguns indios como guias e puderam alcançar Assunção, depois de grandes padecimentos. Muitos sucumbiram no caminho.

O capitão lembrou-se de ir com o navio restante até S. Vicente, onde talvez pudesse fretar um em melhor estado. A bordo havia certo marinheiro de nome Romão, que já estivera em S. Vicente e se obrigou a guiá-los até lá.

Partiram, e após dois dias de viagem alcançaram a ilha das Alcatrazes, assim chamada por causa das aves marinhas que ali se reuniam em grandes quantidades.

Nesse ponto o vento mudou, impondo a necessidade de fundear. O navio lançou ancora e a tripulação desembarcou na ilha.

Andavam as alcatrazes em tempo de postura, de modo que foi possivel fazer-se abundante colheita de aves e ovos, petisqueira muito bem recebida por estomagos saudosos de gulodices.

Nessa ilha encontraram sinais de moradores — cabanas em ruina e cacos de panela. Não viram, entretanto, viva alma.

— Vóvó, interrompeu Pedrinho, é hora de botar a moringa no sereno.

— E é hora tambem de recolher-nos, acrescentou dona Benta; vamos deixar o resto para amanhã.