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AVENTURAS DE HANS STADEN
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— E' sempre assim na vida, e quanto mais vocês viverem tanto mais se convencerão da sabedoria das velhas fabulas. Mas levaram-no para as canoas e lá viu Hans surgirem novos indios, que vinham a correr, numa grande alegria, mordendo os braços como para indicar que o iam comer.

— Que horror, vóvó! exclamou a menina horripilada. Comer um homem!...

— Pois é, minha filha, davam sinais de que iam comê-lo e com um prazer enorme.

Diante do pobre Hans postou-se um morubixaba, ou cacique, armado de tacape, que contou aos outros como haviam caçado aquele pero.

— ?

— Os indios chamavam pero aos portugueses, talvez porque o chefe dos primeiros aparecidos por cá fosse Pedro, ou Pero Alvares Cabral.

— Depois de bem explicada e comentada a façanha, amarraram as mãos do prisioneiro e o puseram ao fundo de uma das canoas. Trataram em seguida de puxa-las para a agua e safarem-se, receosos de que os do forte já tivessem dado pela coisa e viessem vindo disputar-lhes a presa.

Esses indios não eram todos da mesma taba, de modo que logo surgiu duvida sobre a posse do prisioneiro; por fim um deles propôs que o matassem ali mesmo e cada qual levasse o seu quinhão.

Ouvindo aquilo o pobre Hans começou a encomendar a alma a Deus, certo de que não teria nem mais um minuto de vida. O cacique, porém, decidiu de outra manei-