cho de lazer alguas cousas que ante se poriam a sofrer alguu grande perigo, que as fazerem em lugar de praça, por receo de prasmo das gentes, ou empacho que de sy filham. E outros nom averiam alguu embargo de as fazer, e esto por desvairo que cada huu recebeo naturalmente de sua naçom. E sobre esto lie i.le conhecer que podemos cayr em erro per myngua de nom seer mos atrevvdos tanto e assy como devemos em as cousas que lezermos , ou por tressayrmos e avermos natural atrevvmento, sem medo, sem vergonha , e sem empacho mais do que he ra- zom. E pois podemos errar sobejando ou mvnguando, a virtude bem se mostra que lie 110 meo, como screverom da verdadeira forlelleza que tira os receos e tempera os sobejos atrevvmentos. dando mais ajuda a nos muvto atrever que a recear. E assy lai laudo em aq nesta parte do que todos recebemos natural- mente , eu entendo que som alguus de sua naçom em cavalgar, assv em todallas cousas, também e dereitamente sem receo que fazem o que se diz de boa natureza, que tanto e taaes cou- sas deseja quanto equaaes bem pode governar; e elles pera todo que devem ter atrevvmento o tem, assy como melhor teerse pode; e as cousas que som de recear elles as temem , e se guar- dam delias como he razom. E daquesto me parece que vejo exeni- pro muvto claro nos alaãos, que nom som razoavees, mais de sua iuclinaçom natural huus seendo sobejamente ardidos se lançam das casas abaixo, e passam per fogo, e fazem outras sandices; e outros mvnguando som tam sobejamente judeus, que nenhua cousa duvydosa ousam filhar. E som alguus assy temperadamente ardidos que temem o que he de temer, e som fani sem medo onde compre que outros o nom podem seer mais; e assy como se faz em esta parte, medo averemos de ver- gonha, e do empacho. E faço deferenca do empacho e da ver- gonha, porque a razom perteêCe de nos fazer sentir vergonha
