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PREFÁCIO BIOGRÁFICO
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réu por algum titulo privado, nem do chapéu, nem do vestido que possue.

É a razão jurídica, por que em tais casos, a pena da condenação, sòmente pode alegar a quantidade e não o esbulho e menos a total privação que não esteja, como não está, admitida por direito expresso.

Enfim, Senhor, tais as passadas sentenças, que não receberam menos benefícios, que eu próprio na emenda delas, as consciências dalguns que me julgaram e maior ainda as almas de outros, que já podem delas estar tam arrependidos, quanto necessitados de que a justiça de V. Majestade os alivie dêste encargo.

Mas porque a experiência me tem mostrado, que com armas mais dobres, além desta acusação, que estejam contra mim meus inimigos, impondo-me diante de V. Magestade várias, e falsíssimas calúnias, lícito me deve ser, Senhor, tomando de V. Majestade a devida licença, tornar sequer esta vez por meus procedidimentos, dando minhas obras a minhas palavras tanta confiança, como razão.

Sei não se esquece V. Majestade das obrigações em que nasci, e em que vivi com a sereníssima casa de Bragança.

Depois que nela entrou e snr. Infante D. Duarte, bisavô de V. Majestade por casamento com a snr.ª Infante D. Isabel, até o dia presente, posso verificar que nenhum dos senhores desta real casa deixou nascer, e se criar nos braços de meus parentes.

Irmãos foram, primos, e sobrinhos, de meu bisavô, e pai, D. Diogo de Noronha, D. António, D. Luís, D. Afonso, e D. Cristóvão, outro D. António, D. Luís, e D. Rodrigo de Mello, D. Diogo, D. António, D. Gomes, e D. Francisco, que todos viveram e morreram no ser-