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Durante todo esse tempo e ainda muito depois, não vi na imprensa qualquer elogio, critica ou simples noticia do romance, á não ser em uma folha do Rio Grande do Sul, como razão para a transcripção dos folhetins. Reclamei contra esse abuso que cessou; mas posteriormente soube que aproveitou-se a composição já adiantada para uma tiragem avulsa. Com esta anda actualmente a obra na sexta edição.

Na bella introducção que Mendes Leal escreveu ao seu Calabar, se extasiava ante os thezouros da poesia brasileira, que elle suppunha completamente desconhecidos para nós. «E tudo isto offerecido ao romancista, virgem, intacto, para escrever, para animar, para reviver.»

Que elle o dissesse não ha extranhar; pois ainda hoje os litteratos portuguezes não conhecem da nossa litteratura, senão o que se lhes manda de encommenda com um offertorio de mirra e incenso. Do mais não se occupam; uns por economia, outros por desdem. O Brasil é um mercado para seus livros e nada mais.

Não se comprehende porem que uma folha brasileira, como era o Correio Mercantil, annunciando a publicação do Calabar, insistisse na idéa de ser essa obra uma primeira licção do romance nacional dada aos escriptores brasileiros, e não