A ponte de Domingos Terne, sobre o Ave, uma legoa para o norte da Senhora do Porto de Ave, foi segundo a tradição, feita pelo Diabo. Eis o caso:
O Diabo queria ajuntar dois namorados, cada um dos quaes morava em logares differentes e separados pelo rio. Todas as noites lançava este uma ponte para o rapaz ir ter com a sua conversada (namorada). Soube-se d'isto, e n'uma noite um padre pôz-se á espreita, e depois que o rapaz passou, exorcismou de repente a ponte, que o diabo nunca mais pôde retirar.
(Ap. Consiglieri Pedroso, Positivismo, t. IV, p. 116. Lendas analogas se contam das pontes de Val-Telhas, Misarella e outras.)
A amendoeira é a arvore que enganou o diabo. O diabo como a viu florecer em janeiro, sentou-se debaixo d'ella, á espera que lhe amadurecessem os fructos, para depois ir guardar as outras arvores. Esteve até setembro á espera do fructo, pois é n'este mez que a amendoeira o dá. Como n'esse mez não estivessem maduras ainda as amendoas, cansado já de esperar foi espreitar as outras arvores. Estas porém já estavam apanhadas e o diabo todo desapontado voltou para debaixo da amendoeira, mas n'este meio tempo tinham-lhe apanhado as amendoas e o diabo ficou logrado.
(Idem, ibid., Lisboa.)