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CONTOS E PHANTASIAS
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favor de lhe não revelar que estamos aqui, é uma surpreza que queremos fazer ao estudante; e sorriu contrafeito.

O creado conduziu-os a uma sala, separada d’aquella em que os estudantes ceiavam simplesmente por uma porta.

O tio Sebastião tinha o coração aos pulos dentro do peito.

— Eu vou lá; dizia baixo com a voz tremula, quero vel-o.

O cunhado conteve-o.

— Espreite pelo buraco d’essa fechadura que já o vê.

O velho curvou-se e olhou.

— Lá está elle! lá o vejo. Está mais magro... aquillo talvez seja do estudo. Coitado! Mas que chibante que elle anda! Os outros ao pé d’elle parecem uns pobretões! Um até tem a vestea toda rota e cheia de nodoas. Aquillo que elles trazem é assim a modo de batina de padre... pois não é? Espera, ó mano! lá vae o meu filho levantar-se. Ó meu rico filho da minha alma!

Sebastião levantára-se de facto para fazer um brinde.

Tinham bebido á saude das mulheres, do amor, da gloria, do talento...

Sebastião, um tanto inflammado de repetidas libações,