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O PHANTASMA BRANCO
 
I
 

Não havia no mundo senhorita
Mais romanesca do que Philomena.
Das tres filhas do Arruda a mais bonita.

O honrado pae dizia-lhe: — Pequena,
Se este systema de viver não mudas,
Tu para tia has de ficar, e é pena!

Graças a Deus, porém, são mais sisudas
Tuas irmas; não leem livros francezes;
Perpetuarão a raça dos Arrudas!

E, de facto, passados poucos mezes,
O velho pae casou as outras duas,
E em dois annos avô foi quatro vezes!

— Que intenções, Philomena, são as tuas?
Julgas tu, minha filha, que os maridos
Andam a tres por dois por essas ruas? —

Assim falava o velho entre gemidos,
Vendo que a moça, fria e desdenhosa,
Recusava magnificos partidos.

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