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CONTOS PARAENSES
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— Felicito-te, por isso, disse ainda o coronel, sentindo fortes dôres nas fontes, com o coração accelerado, porém a affectar tranquillidade. — Mas então quem é a rapariga?

Thiago sorriu indizivelmente, — com uma beatifica expressão de intensíssima felicidade no semblante, e exclamou:

— É a Venancia da villa, a minha querida Venancia!

O velho ergueu-se impellido pela commoção. Suppondo tal acção um meio de que o pae servia-se para testemunhar-lhe a sua acquiescencia, Thiago ergueu-se tambem e correu a abraçal-o.

Mas o velho, fazendo um lento signal com o braço estendido, paralysou-lhe a vivacidade do movimento e murmurou, tremendo todo:

— Attende-me, Thiago, meu filho! Ha muitos annos que sei de teus amores com a Venancia. Grandes motivos, que talvez conhecerás um dia, impediam-me de favorecer a esses amores, assim como inhibiam-me de oppôr-me a elles desassombradamente. Fingí ignorar tudo, na esperança de que os annos lançassem o tédio sobre as vossas almas captivas uma da outra por aquillo que eu pensava ser o enthusiasmo pela novidade. Com immensa dôr verifiquei o meu engano, porquanto foste fiel á tua palavra, do mesmo modo por que Venancia o foi á sua. Isto seria uma grande