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CONTOS PARAENSES
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que alegria, com que assomos de risonha infantilidade não ficou, na manhã immediata, quando leu no Diario de Noticias as linhas seguintes, que decorou á força de as repetir baixinho? — "Uniram-se hontem á noite em matrimonio, na egreja de Nazareth, o Sr. Roberto da Silva Pereira, honrado commerciante da nossa praça, e a Exma. Sra. D. Candida Annunciada Seixas, filha do nosso amigo sr. Pandolpho Seixas, proprietario abastadíssimo. Foram padrinhos os srs. Silvino Cunha e Anthero de Mendonça e suas exmas. consortes. Aos jovens conjuges desejamos o mais ridente porvir enaltecido das felicidades a que têm jus por seus dotes distinctissimos." Ficou a nadar em jubilo, toda desvanecida por ver o nome nos jornaes, commovidíssima pela lembrança de que, áquella hora, a cidade inteira estava sabedora da realisação de seus intimos desejos de moça apaixonada!.... D’ahi em deante começaram a viver como dois anjinhos, como ella queria. Roberto era sempre de uma delicadeza affectuosa e séria para com a sua Candinha, que tambem, valha a verdade, contribuia, segundo seu poder, para tornar-lhe suave e alegre a vida. Ella achava impossivel que duas pessoas que se amaram quando noivas brigassem depois de casadas por dá cá aquella palha... Entretanto, assim acontecia ás vezes. Ahi estava, mesmo no Pará, a d. Clotilde que, no dizer das más linguas, era uma jararaca