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DA FRANÇA AO JAPÃO
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Como desembarcamos n'esta ilha de Tanixumá, e do que passamos com o senhor d’ella.

« Não havia ainda bem duas horas, que estavamos surtos nesta calheta de Miaigina, quando o Nautaquim Principe desta ilha do Tanixumá se veio ao nosso junco acompanhado de muitos mercadores, o de gente nobre com grande somma de caixões cheios do prata para fazer fazenda. E depois de se fazerem de parte a parte as cortezias costumadas, o elle ter seguro para se podor chegar a nós, se chegou logo, e vendo-nos aos tres Portuguezes, perguntou que gente éramos, porque na differença do rosto e barbas entendia que não éramos chins. O capitão cossairo lhe respondeu que éramos de uma terra, que se chama Malaca, aonde havia muitos annos que tinhamos vindo de outra que se dizia Portugal, cujo Rei, segundo nos tinha ouvido algumas vezes, habitava no cabo da grandeza do mundo. De que o Nautaquim fez um grando espanto e disso para os seus que estavão presentes. Que me matem se não são estes os Chenchicogins, de que está escripto em nossos volumes, que voando por cirna das aguas, tem senhoreado ao longo delia os habitadores das terras, aonde se crearão as riquezas do mundo: pelo que nos cahirá em boa sorte, se elles vierem a esta nossa com titulo de boa amisade. E chamando então para junto de si uma mulher. Lequia, que era a interprete por quem se entendia com o Capitão Chim senhor do junco, lhe disso. Pergunta ao Necodá aonde achou estes homens ou com que titulo os traz comsigo a esta nossa terra do Japão? A que respondeu: Que sem falta nenhuma éramos mercadores, e gente bóa, e que por nos achar perdidos em Lampacau, nos recolhera, para nos ajudar com suas esmolas, como tinha por costume fazer a outros, que já assim achara; para que Deus permittisse livral-o a elle das adversidades impetuosas, que cursavão por cima do mar, com as quaes se perdião os navegantes. Ao Nautaquim parecerão tão bom estas razões do cos-