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DA FRANÇA AO JAPÃO

separando primeiramente, um braço, depois outro, em seguida uma perna, e assim, no quinto lugar, que foi onde nos achavamos, elle mandou que um dos seus amigos o degolasse.

Então, o Imperador sabendo destes feitos, propoz á seu conselho que fosse este daïmio venerado como kami; e que se levantassem templos onde os japonezes fossem venerar sua memoria.

A nossa curiosidade não satisfeita com a explicação que acabavão-nos de dar sobre a divindade que fazia parte da nossa companhia, e assistia, é verdade que em pintura, a nossa conversação, quiz saber o que representavão aquellas vestes que estavão no templo.

Uma outra japoneza, ainda joven, levantou-se e começou a ler em voz alta a inscripção de um quadro que se achava suspenso na parede do templo, e o nosso interprete traduziu, ainda que mal, as suas phrases.

Em conclusão, o sabre, a velha sandalia e as vestes, pertencião á defuncta divindade, – era o proprio sabre que decepara-lhe a cabeça.

As outras vestes, mais numerosas, erão de novas victimas do amor, tambem immoladas, porém, que não tiverão o heroismo do deus do amor, e por isso, só tinhão expostas as suas vestes, e as suas imagens erão simplesmente pintadas.

Soubemos, por uma dessas jovens, que a familia com quem tratavamos, pertencia á nobresa japoneza, que era de orgulhosos daïmios, e que seu pae fòra massacrado em um encontro entre os patriotas e os Taikúnistas.

Ao despedirmo-nos, fomos ainda rogados de acompanhal-as á sua residencia, que ficava no nosso caminho.

Durante esse curto trajecto, era interessante vêr uma das mais bellas japonezas do grupo, vestida com ricos estofos de sêda e graciosamente sustentando um chapéo de sol, que resguardava o seu rosto dos raios do astro do dia.

Uma outra dama trazia ás costas um seu filho, de uma vivacidade precoce e que apenas contaria dois annos de idade.

Chegamos, afinal, á uma casa de bella apparencia, onde en-